Política
Publicado em 14/04/2025, às 15h19 Foto: Divulgação/Governo de SP Redação BNews São Paulo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (14) o registro definitivo da vacina contra a chikungunya, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva. Com a liberação, o imunizante está autorizado para uso no Brasil em adultos com 18 anos ou mais.
Segundo a Agência SP, o imunizante é o primeiro do mundo a ser autorizado para combater a chikungunya, uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo vetor da dengue e da Zika. Em 2024, mais de 267 mil casos prováveis da doença foram registrados no Brasil, com pelo menos 213 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.
A vacina foi testada em 4 mil voluntários entre 18 e 65 anos, nos Estados Unidos, e demonstrou alta segurança e eficácia. Segundo os estudos clínicos, 98,9% dos participantes desenvolveram anticorpos neutralizantes contra o vírus. Os dados foram publicados na revista científica The Lancet.
Em outro estudo realizado com adolescentes brasileiros, publicado na The Lancet Infectious Diseases, a resposta imune foi observada em 100% dos jovens com infecção prévia e em 98,8% daqueles sem contato anterior com o vírus. A proteção foi mantida em 99,1% dos casos após seis meses.
Os efeitos adversos registrados foram, em sua maioria, leves ou moderados, como dor de cabeça, febre, cansaço e dores no corpo.
Próximos passos para uso no SUS
Apesar da aprovação da Anvisa, a vacina ainda precisa passar por etapas regulatórias para ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Instituto Butantan trabalha em uma versão com componentes nacionais, o que deve facilitar a produção em larga escala no Brasil.
A análise da CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) será determinante para que a vacina seja oferecida gratuitamente, inicialmente a moradores de regiões endêmicas, segundo o diretor do Butantan, Esper Kallás.
Antes da liberação no Brasil, o imunizante já havia sido aprovado por outras importantes agências reguladoras, como a FDA (Estados Unidos) e a EMA (União Europeia).
Diferente das vacinas tradicionais, esta foi aprovada com base em dados de produção de anticorpos, e não em estudos de incidência da doença — uma decisão das autoridades devido à baixa circulação do vírus em algumas regiões.
A chikungunya é uma doença viral que pode causar febre alta e fortes dores nas articulações, especialmente em pés e mãos. Embora a maioria dos casos seja leve, muitos pacientes desenvolvem dores crônicas que comprometem a qualidade de vida.
Não há tratamento específico para a doença. Por isso, além da vacinação, medidas de prevenção e controle do mosquito Aedes aegypti continuam sendo fundamentais — como evitar água parada, limpar calhas e manter caixas d’água tampadas.