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Amcham Plano de Voo 2025: especialistas discutem cenário econômico atual na B3, em São Paulo

  |  O BNews São Paulo participou do evento que trouxe pautas importantes como economia, IA e a relação Brasil X EUA; saiba mais - Foto: Redação BNews SP

Publicado em 17/02/2025, às 16h29   O BNews São Paulo participou do evento que trouxe pautas importantes como economia, IA e a relação Brasil X EUA; saiba mais - Foto: Redação BNews SP   Gabriella Franco

Na manhã desta segunda-feira (17), o BNews São Paulo acompanhou o evento “Amcham Plano de Voo 2025” na B3, Bolsa de Valores do Brasil localizada no centro de São Paulo (SP).

Realizado anualmente, o Plano de Voo da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) reúne empresários, especialistas e representantes do governo para um debate aprofundado sobre as tendências econômicas do ano. O principal objetivo é discutir os fatores que impactarão os negócios ao longo do ano e ajudar as empresas a construírem seus planos de ação. 

Nesta edição, os temas de destaque foram as mudanças geopolíticas do novo governo Trump, nos Estados Unidos; o uso da inteligência artificial nas empresas; e os desafios e oportunidades para o Brasil no atual cenário econômico global. 

Dentre outros especialistas, o evento contou com a participação de Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, e Priscyla Laham, presidente da Microsoft no Brasil.

 

 

Pesquisa Plano de Voo 2025

Na abertura do evento, o CEO da Amcham, Abrão Neto, apresentou os resultados da pesquisa Plano de Voo 2025. Realizada entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a pesquisa contou com a participação de 775 empresários, de todas as regiões do Brasil e setores da economia, para construir um panorama das expectativas econômicas para o ano.

Os resultados indicaram otimismo: 92% dos pesquisados apostam em um crescimento das receitas, mesmo diante de um cenário desafiador. De acordo com Abrão, esse crescimento deve vir principalmente da expansão do mercado interno, redução de gastos e aumento da produtividade.

Ainda assim, 72% apresentaram incertezas sobre o cenário econômico do ano, com fatores como juros elevados, desequilíbrio fiscal e inflação sendo as principais preocupações. 

Sobre a relação com os EUA, 60% dos empresários acreditam que o Brasil deve ser proativo, buscar aproximação e diálogo com o governo Trump. Outros 31% apostam em uma abordagem moderada, aberta à cooperação, mas sem protagonismo, e os 9% restantes defendem um comportamento reativo ou indiferente.

Painéis de debate

Novo governo Trump e as relações com o Brasil

Convidado para a palestra de abertura, Todd Chapman, embaixador do Brasil nos EUA durante o 1º governo Trump, disse acreditar em um cenário econômico promissor para a América Latina nos próximos quatro anos. Segundo ele, apesar das tarifas anunciadas pelo presidente Trump, a política comercial do governo será baseada na “reciprocidade”, e que será benéfico para o Brasil cultivar uma boa relação com os EUA.

Também no debate, Christopher Garman, diretor da Eurasia Group para as Américas, encorajou o setor privado a criar estratégias para engajar não só com o governo, mas também com as empresas estadunidenses. Segundo ele, essa aproximação tem parte importante na relação entre os países.

Análise macroeconômica: projeções para o Brasil em 2025 

Ana Paula Vescovi e Fernando Honorato Barbosa, economistas-chefes dos bancos Santander e Bradesco, respectivamente, se juntaram a Abrão Neto para discutir as projeções econômicas do Brasil neste ano. 

Para Vescovi, o consumo vai ter grande papel no crescimento econômico do país. Segundo ela, a renda familiar deve aumentar em 4,2% no primeiro semestre de 2025, aumentando o poder de consumo dos brasileiros. 

Perspectivas empresariais para 2025

“Minha missão pra este ano é tornar os brasileiros e as empresas brasileiras mais competitivos”, afirmou Priscyla Laham, presidente da Microsoft no Brasil, na abertura do painel “Perspectivas empresariais para 2025”. A empresa de tecnologia pretende investir cerca de R$ 15 bilhões em inteligência artificial nos próximos três anos, segundo ela.

Laham acredita, no entanto, que, além de investimentos, é preciso educação sobre o tema. “As empresas devem democratizar o acesso às IAs aos funcionários. Capacitar os trabalhadores nesse sentido pode ser um ponto de competitividade para o Brasil no contexto mundial”, afirmou. 

Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil, acrescentou que as empresas que quiserem sobreviver no cenário atual devem ampliar sua atuação e valorizar as alianças. 

Fernanda Hoe, diretora-geral da Elanco, apontou para o aquecimento da indústria de proteína no Brasil. Segundo ela, a perspectiva é que a demanda por carne no mundo aumente em 30% nos próximos dez anos. O Brasil, por ser o maior exportador de carne no mundo, terá um papel central nesse crescimento. 

Visão do setor público sobre os desafios econômicos do ano

O último debate do evento reuniu representantes do setor público,que trouxeram uma perspectiva governamental sobre a economia este ano. Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, ressaltaram que as principais preocupações para este ano são a modernidade e a produtividade. 

“O nível de incerteza é grande, além do normal,” comentou David sobre a projeção da inflação no Brasil em 2025. Em contrapartida, a previsão do Ministério da Fazenda é que o Brasil cresça em 2,3% neste ano, segundo Durigan. 

“O Brasil tem a chance de liderar essa neoglobalização, esse multilateralismo progressista, que respeita os outros países e vê oportunidades nos outros mercados. É um ano com uma janela muito ampla para o crescimento,” afirmou o secretário-executivo. “A gente tem que fortalecer nossa economia, se desenvolver de forma sustentável, aproveitando nossos pontos fortes,” completou.

São Paulo no centro da discussão

O Plano de Voo é realizado pela Amcham desde 2023, sempre na B3, no centro de São Paulo

Em entrevista exclusiva ao BNews SP, Abrão Neto disse acreditar no valor de São Paulo como palco para a discussão. “Esse é um evento que conecta o Brasil todo a partir de São Paulo, e para nós é importante trazer o empresariado para o centro da cidade," afirmou. 

Classificação Indicativa: Livre


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