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Justiça de SP determina retomada do serviço de aborto legal em hospital da zona norte

Hospital Vila Nova Cachoeirinha havia parado de oferecer serviço de aborto legal em 2023, por ordem da Prefeitura  |  Foto: Rubens Gazeta/Prefeitura SP via Agência Brasil

Publicado em 07/03/2025, às 15h22   Foto: Rubens Gazeta/Prefeitura SP via Agência Brasil   Gabriella Franco

A Justiça de São Paulo anulou na última quinta-feira (6) a decisão que havia interrompido a realização de aborto legal no Hospital e Maternidade Municipal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital. 

A sentença — proferida pela juíza Simone Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública — intima a Prefeitura de São Paulo a retomar o serviço no hospital, em ação popular movida pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL), pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) e pelo vereador Celso Giannazi (PSOL). 

Com isso, o hospital deve voltar a realizar o procedimento. Ainda cabe recurso.

Conheça o histórico

Uma das principais referências na saúde da mulher, o Hospital Vila Nova Cachoeirinha oferecia serviço de aborto legal há 30 anos.  

Segundo a Agência Brasil, o hospital deixou de oferecer o serviço em 18 de dezembro de 2023. Na época, a Secretaria Municipal da Saúde alegou que a suspensão era temporária, e, no lugar dos abortos legais, o hospital realizaria “o incremento de leitos e de procedimentos de cirurgia ginecológica e fetal, como ação de política pública de saúde na região”.

Na sentença, a juíza chamou a decisão de “violação à moralidade administrativa”.

Aborto permitido por lei

O aborto no Brasil é permitido e garantido por lei nos casos de estupro da mulher, de risco de vida para a mãe e em situação de fetos anencefálicos, ou seja, com uma malformação do cérebro.

No estado de São Paulo, o Hospital Cachoeirinha era o único a realizar o procedimento depois de 22 semanas de gestação, atendendo principalmente mulheres em situação de hipervulnerabilidade social.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo manifestou em defesa da volta do serviço. No mérito, discorreu sobre o “dever legal, constitucional e convencional de garantir serviços médicos de aborto legal em casos de gestação avançada decorrentes de violência sexual, e ressaltou o reiterado descumprimento por parte do ente municipal”. A Defensoria afirmou ainda que a motivação para o fim do serviço no hospital foi “idônea”. 

O Ministério Público também interveio em defesa da ação popular, afirmando que a Prefeitura “não apresentou justificativa válida para a interrupção do serviço, e nem ofereceu outros hospitais que pudessem realizar o procedimento, configurando um ato lesivo e um retrocesso social”.

Em nota, a Procuradoria Geral do Município (PGM) afirmou que recorrerá da sentença. Confira a nota na íntegra:

“A Secretaria Municipal da Saúde reitera que o atendimento para aborto legal é realizado em quatro hospitais municipais da capital: Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio (Tatuapé), Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo), Hospital Municipal Tide Setúbal e Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mário Degni (Jardim Sarah). Em parceria com o governo do estado, o Centro de Referência da Saúde da Mulher de São Paulo realiza o procedimento de Assistolia Fetal. Sobre o Hospital Municipal Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva (Vila Nova Cachoeirinha), a pasta informa que a unidade é referência em atendimentos voltados à saúde da mulher na cidade com suporte especializado a gestantes de alto risco e seus bebês e nas especialidades de ginecologia e obstetrícia, mastologia, uroginecologia, endoscopia ginecológica e planejamento reprodutivo. O hospital também se destaca em intervenções intrauterinas e na realização de cirurgias de endometriose e endometriose profunda. Nestes dois últimos procedimentos cirúrgicos, a demanda reprimida foi regularizada nos últimos dois anos, mantendo assim, o atendimento em tempo hábil e com qualidade às pacientes.”

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