Negócios
por Isabela Fernandes
Publicado em 26/03/2025, às 08h26
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Badra, divulgada no final de janeiro deste ano, trouxe à tona dados importantes sobre a realidade dos motoristas de Uber na cidade de São Paulo.
O estudo, chamado de "Mãos ao Volante", entrevistou 1.260 motoristas, sendo 90% homens, na faixa etária entre 35 e 49 anos. Cerca de 22% dos motoristas de aplicativo entrevistados afirmaram possuir nível superior.
A pesquisa revela que, apesar da flexibilidade e da autonomia, os motoristas precisam de um planejamento financeiro rigoroso e estratégias bem definidas para garantir que os ganhos superem os custos e as dificuldades.
Embora os motoristas reportem uma faixa de ganhos brutos que pode variar entre R$ 5 mil e R$ 6 mil por mês com jornadas de 8 horas, a realidade líquida é bem diferente. Depois dos custos, o lucro final fica entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil.
Quando a jornada aumenta para 12 horas diárias, os ganhos brutos podem chegar a R$ 7 mil a R$ 9 mil, mas o valor líquido ainda fica entre R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil.
Os motoristas de aplicativo enfrentam uma série de custos elevados. O combustível é uma despesa significativa, mas o aluguel de carro (caso o motorista não tenha veículo próprio) também pesa no bolso, variando entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais.
A comissão cobrada pelas plataformas de transporte (25%) é outro item importante, além dos custos com estacionamentos e pedágios, que podem somar até R$ 300 mensais.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos motoristas é a falta de direitos trabalhistas. Como autônomos, eles não têm acesso a benefícios como férias, 13º salário, nem auxílio-doença, o que deixa esses profissionais vulneráveis em casos de imprevistos ou acidentes. Além disso, a depreciação do veículo, que é responsabilidade do motorista, também compromete a rentabilidade da atividade.
Com os custos elevados e a ausência de direitos trabalhistas, motoristas de aplicativos precisam adotar um planejamento financeiro detalhado.
A pesquisa recomenda que novos profissionais da área montem uma planilha com os custos fixos e variáveis, além de simularem diferentes cenários antes de ingressar na atividade.
Estratégias como a escolha dos horários de trabalho, a manutenção preventiva do veículo e a consideração de fatores como o trânsito, a demanda de passageiros e eventos climáticos (como chuva) são essenciais para otimizar os ganhos.
Apesar dos desafios e custos elevados, a pesquisa apontou que 8 em cada 10 motoristas de Uber preferem continuar na profissão do que trocar por um emprego formal com carteira assinada. A flexibilidade de horários e a possibilidade de ser autônomo são fatores decisivos para essa escolha, apesar das dificuldades enfrentadas no dia a dia.
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