Polícia
por Gabriella Franco
Publicado em 17/03/2025, às 15h17
Os promotores de Justiça responsáveis pela investigação do Caso Gritzbach — delator do PCC morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos em novembro do ano passado — afirmaram que, apesar da denúncia apresentada, o caso ainda não está solucionado. A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (17) no Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que contou com a presença do BNews São Paulo.
No relatório da denúncia, de quase 500 páginas, o Ministério Público aponta seis envolvidos diretamente com a morte do empresário, incluindo três policiais militares, que estão presos no Presídio Militar Romão Gomes.
Ainda assim, o MP não descarta outras linhas de investigação e afirma que uma série de outros “núcleos” continuará sendo investigada até que o caso esteja, de fato, solucionado.
A coletiva reuniu os promotores Vania Stefanoni e Rodrigo Merli, do Júri de Guarulhos, responsáveis pelo caso, e o Procurador-Geral da Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa. O BNews São Paulo esteve presente e traz as principais atualizações sobre o caso.
De acordo com os promotores, a denúncia do MP foi apresentada para impedir a soltura do PM Fernando Genauro, preso temporariamente desde 18 de janeiro. Após o recebimento, a Justiça deve converter a prisão temporária em preventiva.
Agora, a Polícia procura identificar mais envolvidos no crime — que, segundo os promotores, podem ser “policiais militares, policiais civis, pessoas delatadas por Gritzbach ou pessoas relacionadas às joias de Alagoas”, se referindo às joias que o delator trazia do Maceió quando foi assassinado.
Para essas investigações, serão abertos inquéritos diferentes.
“A quantidade de material é gigantesca. Por isso denunciamos agora quem já sabemos. Mas seria impossível analisar todo o material obtido nas buscas e apreensões,” afirmou o promotor Merli.
Além do PM Fernando Genauro, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) indiciou outras cinco pessoas pelo homicídio de Gritzbach, e mais duas por favorecimento, acusadas de auxiliar na fuga dos criminosos.
Outros dois investigados também são policiais militares, identificados como Ruan Silva Rodrigues e Dênis Antônio Martins.
Conforme as interceptações telefônicas obtidas pela polícia, a execução de Gritzbach foi ordenada por Emílio Carlos Gongorra, o 'Cigarreiro', com o auxílio de Diego Amaral, o 'Didi'. A motivação do crime foi uma vingança, de acordo com mensagens extraídas da nuvem e outros documentos periciados. Cigarreiro e Didi seguem foragidos.
No caso dos policiais militares, a investigação apontou que o motivo para a execução foi interesse econômico, caracterizando “motivo torpe”, uma das quatro qualificadoras do crime.
Além de Antônio Vinícius Gritzbach, também foi morto pelos disparos dos PMs o motorista de Uber Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos. Ele foi atingido por tiro de fuzil nas costas, e morreu no hospital.
Outras duas pessoas ficaram feridas: Samara Lima de Oliveira, 28 anos, e Willian Sousa Santos, 39 anos.
Nenhuma das três vítimas conhecia ou tinha qualquer relação com Gritzbach.
Segundo Stefanoni e Merli, os seis denunciados pelo crime terão de indenizar as famílias de todas as vítimas do crime, incluindo a família Gritzbach.
Às famílias de Samara e de Willian, cada denunciado deverá pagar R$ 20 mil em indenização. Já as famílias de Novais e Gritzbach serão indenizadas em R$ 100 mil.
O crime ocorreu em um local público, com grande circulação de pessoas — mais de 100 mil diariamente, segundo os promotores. Por isso, cada denunciado deverá pagar R$ 1 milhão por danos morais e coletivos. O valor será destinado ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL).
Segundo a promotora Stefanoni, estão descritas quatro qualificadoras para o crime na denúncia:
Com isso, a pena de cada envolvido pode chegar até 100 anos de reclusão. No entanto, a ação da Justiça pode reduzir a pena.
“Pretendemos recorrer da decisão da Justiça caso ela não seja proporcional ao dano que o crime trouxe à sociedade”, afirmou Stefanoni. Segundo ela, o MP pretende ir “até as últimas instâncias” para que a pena seja máxima aos criminosos envolvidos no Caso Gritzbach.
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