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Médica mata marido por herança no interior de SP; entenda a história completa

Vítima foi identificada por aliança de casamento; crime ocorreu em maio de 2024 e foi investigado pela Polícia Civil com apoio da PF  |  Foto: Reprodução/Polícia Civil

Publicado em 16/04/2025, às 09h00   Foto: Reprodução/Polícia Civil   Isabela Fernandes

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tornou réus, na última segunda-feira (14), a médica psiquiatra Nathália Cavalcanti Martins, de 40 anos, e o comerciante Vanderlei Cardoso de Oliveira, de 47. Eles são acusados de matar o sueco Raoul Gerhard Josef Holmlund, de 49 anos, marido da médica, por herança.

O corpo da vítima foi encontrado em 14 de maio de 2024, submerso em uma represa na cidade de Nova Odessa, interior paulista.

Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), uma das principais motivações do crime teria sido financeira. Raoul, que havia retornado ao Brasil para reatar o casamento e cuidar da venda de um imóvel na Suécia, foi assassinado com golpes na cabeça e facadas no tórax. O corpo foi amarrado com rede, pedras e peças de motor, e lançado na água.

A vítima foi enterrada como indigente, já que estava sem documentos. O plano, no entanto, começou a desandar quando os investigadores analisaram a aliança de casamento com o nome de Nathália gravado, o que permitiu identificar Raoul e ligar o caso à médica.

Vida dupla e manipulação

De acordo com a investigação da Polícia Civil, Nathália e Raoul se casaram em 2018. O casal dividia a vida entre o Brasil e a Suécia, para onde a médica se mudou em 2021. A vítima teria financiado boa parte dos estudos da esposa, que se formou em medicina com sua ajuda.

Porém, a relação era marcada por traições e manipulações. Com frequência, Nathália se relacionava com outros homens durante as viagens do marido. Entre os amantes estava Vanderlei, que chegou a ser apresentado a Raoul como amigo. A médica, inclusive, organizou um churrasco com os dois homens presentes, às margens da represa onde o corpo seria descartado meses depois.

Em abril de 2023, Nathália chegou a comunicar ao marido que desejava a separação.

Em um áudio recuperado pela polícia, ela falou sobre organizar senhas das contas bancárias de Raoul e mencionou que seria mais vantajoso matá-lo no Brasil, por conta da suposta “impunidade” que vigoraria no país. A médica chegou a cogitar esconder o corpo em uma geladeira.

Meses depois, mudou de postura. Em uma tentativa de reaproximação, enviou mensagens ao marido pedindo ajuda financeira. Com isso, Raoul decidiu voltar ao Brasil antes do Natal de 2023, determinado a reatar o relacionamento.

E então Raoul foi para a Suécia em janeiro de 2024, onde o sueco foi convencido a reconhecer a filha de Nathália, fruto de outro relacionamento, como sua filha legal, com o argumento de facilitar o acesso da jovem à cidadania sueca e vistos de estudo.

Assassinato e descoberta

Raoul chegou ao Brasil em abril de 2024. Pouco tempo depois, notando o distanciamento da esposa, informou à enteada que não custearia mais seus estudos e cogitava um novo rompimento. Porém, em 11 de maio, foi morto.

A polícia afirma que o assassinato foi premeditado e executado por Nathália e Vanderlei, que utilizaram bobinas de motor — semelhantes às encontradas na casa do comerciante — para afundar o corpo.

A ausência de familiares da vítima no Brasil e a morte de seus pais na Suécia dificultariam a identificação do corpo. No entanto, o detalhe da aliança levou os investigadores ao casal. A Polícia Civil contou com apoio da Polícia Federal para concluir a identificação e reunir as provas contra os acusados.

Nathália e Vanderlei foram presos pela morte do suéco e responderão por homicídio qualificado. O caso segue agora para julgamento pelo Tribunal de Justiça.

Classificação Indicativa: Livre


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