Polícia
Publicado em 15/04/2025, às 14h46 Foto: Juca Varella/Agência Brasil Marcela Guimarães
Nesta terça-feira (15), a Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou a Operação Adolescência Segura em sete estados, incluindo São Paulo. O objetivo da operação é desmantelar uma das maiores facções criminosas do país envolvidas em crimes virtuais contra crianças e adolescentes.
Com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança e do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV-RJ) executou dois mandados de prisão temporária, 20 mandados de busca e apreensão e sete mandados de internação provisória para adolescentes infratores.
Além de São Paulo, a operação está sendo realizada em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A rede criminosa atua em diversos crimes graves no ambiente virtual, como tentativa de homicídio, induzimento e instigação ao suicídio, incentivo à automutilação, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais e apologia ao nazismo.
Policiais apontaram que o grupo atuava de forma coordenada pela internet, utilizando plataformas criptografadas como Discord e Telegram; nesses canais, os integrantes promoviam disputas e desafios que incentivavam a prática de crimes de ódio.
As apurações começaram em 18 de fevereiro de 2025, após um adolescente lançar dois coquetéis molotov contra um homem em situação de rua que teve 70% de seu corpo queimado.
Enquanto o ataque acontecia, Miguel Felipe, maior de idade, registrava tudo em vídeo enquanto transmitia ao vivo para cerca de 220 pessoas em um servidor no Discord. Ele acabou preso. O jovem envolvido foi apreendido e segue internado provisoriamente por decisão da DCAV.
Apesar de a transmissão ter repercutido, a DCAV assegura que o ataque não é um caso isolado. “Os administradores do servidor utilizado no crime refletiam uma verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes virtuais, tendo como principais alvos crianças e adolescentes”, afirmou a polícia.
“A atuação da quadrilha é tão significativa no cenário virtual que mereceu a atenção de agências independentes dos EUA, a HSI e NCMEC, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso”, destacou a DCAV.
Também de acordo com a fonte, o grupo de jovens procurava atuar em diferentes plataformas digitais, sempre utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, “em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes”.
“Como estímulo, eram oferecidas recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas”, divulgou o MJSP.
Os alvos da investigação responderão pelos diversos crimes virtuais que incluem maus-tratos a animais (art. 32 da Lei 9.605/98), associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e indução ou instigação à automutilação (art. 122,§4º do Código Penal). As penas podem passar de dez anos de reclusão.
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