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Polícia de SP investiga Discord por conteúdo de violência transmitido a menores; entenda

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A plataforma Discord, popular entre adolescentes, permite transmissões ao vivo em canais privados  |   BNews SP - Divulgação Foto: Flickr
Marcela Guimarães

por Marcela Guimarães

Publicado em 08/04/2025, às 12h26



A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar a plataforma Discord, suspeita de promover apologia à violência digital.

A apuração foi motivada pelo descumprimento de uma solicitação emergencial feita pelas autoridades, que pediam a remoção imediata de uma transmissão ao vivo com conteúdo violento direcionado a crianças e adolescentes.

O episódio foi identificado por policiais do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), que monitoravam um grupo suspeito de propagar imagens violentas para centenas de usuários. Outros canais e comunidades na plataforma também estão sendo observados.

“Nós solicitamos aos responsáveis da plataforma para derrubarem aquele servidor porque acabaria com o crime imediatamente”, disse a delegada Lisandréa Salvariego, coordenadora do Noad.

“Nesse caso em específico, os investigadores flagraram muita violência sendo transmitida ao vivo, por isso determinamos à plataforma o fim da transmissão e, mesmo assim, não fomos atendidos”. Ainda conforme a delegada, o Discord respondeu na ocasião que “o pedido não era emergencial”.

Discord via app
Discord via app (Foto: Juca Varella/Agência Brasil)

Discord se manifesta

Na última segunda-feira (7), o Discord se pronunciou sobre o caso afirmando ter conduzido uma investigação interna detalhada e que “continua firmemente comprometido em aprimorar seus processos internos”.

A plataforma diz contar com equipes especializadas no combate a grupos que promovem discursos de ódio e violência para a identificação e remoção desses usuários e comunidades que se organizam com más intenções.

Segundo o Discord, há também uma ação para prevenir o uso indevido do serviço e declarou que notificou as autoridades brasileiras de forma proativa sobre indivíduos e grupos envolvidos nesse tipo de conduta, além de outras práticas que possam representar risco à segurança desses jovens.

A investigação policial foi oficialmente instaurada no dia 28 de março, após a entrega de um relatório de inteligência elaborado por essas equipes, reunindo provas e argumentos que causaram a abertura do inquérito pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A rede social afirma estar mantendo diálogo com o Judiciário brasileiro, incluindo o Ministério da Justiça e o Noad.

Intimação

O Discord foi intimado pelos crimes. Autoridades devem ouvir o depoimento dos representantes da empresa no país e dos demais envolvidos no caso.

“É extremamente importante para qualquer investigação que haja uma intensa colaboração por parte das plataformas. Nesse caso, mesmo com uma cena tão violenta, nós não tivemos apoio, mas se tivéssemos, poderíamos impedir essa incitação a algo horrível”, repassou a delegada.

Durante as transmissões ao vivo, os “líderes” do grupo divulgam diversos tipos de violência, indo de estupros virtuais a automutilação. Eles também comercializam pornografia infantil dentro do Discord.

“É necessária uma união de todos os setores envolvidos para que a gente consiga combater esse tipo de crime, especialmente esse que a maioria das vítimas e dos espectadores é menor de idade”, finalizou a coordenadora do Noad.

Classificação Indicativa: Livre

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