XP é uma pirâmide? Entenda polêmica que viralizou nas redes sociais

Na última semana, a Grizzly Research LLC, uma renomada casa de análise dos Estados Unidos, divulgou um relatório que alega que os lucros da brasileira XP Investimentos estão atrelados a um esquema de “pirâmide financeira”.

O estudo afirma que a empresa estaria “empurrando agressivamente” seus clientes a adquirirem “produtos financeiros de alto risco e caráter predatório”.

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Em resposta a essas alegações, a XP declarou que, devido às “informações falsas, incorretas e imprecisas” divulgadas pela Grizzly, tomaria medidas legais contra a empresa.

O conteúdo do relatório gerou grande repercussão nas redes sociais, sendo comentado por influenciadores, veículos de imprensa e portais especializados em economia.

Em meio à onda de reações, a XP também ameaçou processar influenciadores que publicaram vídeos abordando a polêmica.

Assim, afirmou que, caso as postagens não sejam removidas, tomará medidas legais contra os responsáveis, buscando responsabilizá-los “cível e criminalmente, sem prejuízo de se buscar indenização por todos os danos já causados”.

A instituição financeira ainda fez referência à legislação que trata da “publicação ou divulgação de notícias falsas”. No entanto, o relatório da Grizzly Research, que gerou toda a polêmica, é um documento de domínio público e foi previamente divulgado pela imprensa mundial.

Após a ameaça, diversos influenciadores optaram por excluir as publicações relacionadas ao assunto.

Sobre a Grizzly Research

A Grizzly Research é uma pequena empresa de análise financeira localizada em Nova York, nos EUA, especializada em uma prática conhecida como “short selling”. Os short sellers investigam os dados financeiros de empresas listadas na bolsa à procura de eventuais falhas, fazendo apostas no mercado que podem gerar lucros caso as ações dessas empresas caiam de valor.

Após realizar essas apostas, empresas como a Grizzly costumam divulgar relatórios apontando os problemas desses grandes nomes, lucrando com a queda de suas ações e muitas vezes impulsionada pelo impacto dos próprios relatórios divulgados.

O logo da empresa, um urso pardo, já é um reflexo dessa estratégia, visto que o termo “bear market”  — ou “mercado do urso” — é a expressão usada para descrever momentos de queda no mercado financeiro.

De acordo com as informações disponíveis no LinkedIn da empresa, a Grizzly conta com uma equipe de dois a dez funcionários e foi fundada há cerca de seis anos por Siegfried Eggert, analista com experiência anterior na GeoInvesting, também focada em análise especializada em ações de pequena capitalização, ou small caps.

Apesar de seu porte pequeno e pouca notoriedade, a Grizzly tem chamado atenção com seus relatórios. Apenas no X (antigo Twitter), a empresa conta com 51,8 mil seguidores que acompanham suas análises polêmicas, como a recente crítica à XP Investimentos.

Relembre o caso

Segundo relatório, a fraude envolvendo a empresa ocorreria a partir dos fundos Gladius e Coliseu em uma estrutura baseada na venda de Certificados de Operações Estruturadas (COEs). “Sem o Gladius e o Coliseu, a XP não seria lucrativa”, apontou.

O principal deles seria o Gladius, que teria retornado mais de 2.419% nos últimos cinco anos com baixa volatilidade. “COEs são produtos de investimento predatórios que a XP empurra agressivamente para seus clientes de varejo brasileiros”, diz o relatório da Grizzly.

Ainda de acordo com a declaração, o Gladius está pagando prêmios indevidos da venda de COEs para a XP, contabilizando as entradas de caixa desses produtos como lucros.

Assim, ela “empurraria” os produtos aos clientes, que renderiam à financeira valores que estruturam as demais operações. O texto também afirma que a atividade irregular pode “levar à profundas consequências para a estabilidade financeira e reputação da XP”.

Apesar do relatório, a empresa acusada negou as informações. “A companhia cumpre com a lei e segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), SEC, Banco Central, entre outros, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes”, diz a XP. “Serão tomadas todas as medidas legais cabíveis contra a Grizzly Research”.