Polícia
por Gabriella Franco
Publicado em 05/02/2025, às 18h06
Na última terça-feira (4), a Justiça aceitou acusações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e tornou réus três policiais militares por envolvimento em mortes com indícios de execução.
De acordo com o MPSP, caso envolvendo um major, um capitão e um cabo da Polícia Militar ocorreu em fevereiro do ano passado, durante a Operação Verão 2023/2024. As denúncias só foram apresentadas à Justiça em dezembro.
Letalidade policial
Os casos compõem um cenário maior de aumento da letalidade policial no estado. Dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP) mostram um aumento de 94% nas mortes cometidas por policiais militares de São Paulo entre 2022 e 2024. O número saltou de 396 ocorrências em 2022, para 769 em 2024.
Segundo a Agência Brasil, a Operação Verão 2023/2024 resultou em 56 mortes, se tornando a segunda mais letal da história da polícia paulista, atrás apenas do Massacre do Carandiru.
Entenda as acusações
A primeira denúncia envolve o policial Rafael Cambui, acusado de matar Luan dos Santos no dia 16 de fevereiro de 2024. Segundo o Ministério Público, Luan estava na garupa de uma motocicleta, na cidade de Santos, quando foi atingido com disparo do policial.
Rafael Cambui alegou que perseguia a vítima por suspeitar que ele e o condutor da moto cometeriam um roubo. Segundo o policial, Luan deu sinais de estar armado ao buscar algo no bolso do casaco. Nesse momento, Rafael teria feito disparo, segundo ele, acidental.
De acordo com o MP, as testemunhas condutoras das duas motocicletas, incluindo um policial civil, afirmaram que o ofendido não estava armado. Além disso, o laudo médico-legal aponta que os ferimentos da vítima não parecem ter ocorrido com os veículos em movimento.
O segundo caso aconteceu em São Vicente, município da Baixada Santista, em 7 de fevereiro, envolvendo os policiais Nielson Barbosa Medeiros e Tiago Morato Maciel.
Com cinco disparos, mataram Hildebrando Simão Neto e uma testemunha, Davi Gonçalves Junior, em um intervalo de 9 minutos. Hildebrando tinha uma deficiência visual que comprometia quase totalmente sua visão.
A versão de Medeiros e Maciel indicou um confronto seguido de morte, e, segundo eles, as vítimas estavam armadas. A promotoria afirma que as armas não eram dos jovens, e que as condições das mortes indicam execução. Os policiais estavam com as câmeras corporais descarregadas.
Segundo o MP, os militares teriam confundido Hildebrando com Kaique Coutinho do Nascimento, envolvido no assassinato do policial Samuel Wesley Cosmo no dia 2 daquele mês, episódio que motivou a Operação Verão.
O que acontece agora?
A data do julgamento ainda não foi definida. Os defensores dos três policiais militares têm prazo legal para se manifestar dentro do processo.
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