Polícia

Brasileiros vítimas de tráfico humano em Mianmar desembarcam em São Paulo; entenda o caso

Por três meses, Luckas e Phelipe foram forçados a trabalhar em esquema de golpes em Mianmar - Antônio Carlos Ferreira/Arquivo Pessoal via Agência Brasil
BNews SP - Divulgação Por três meses, Luckas e Phelipe foram forçados a trabalhar em esquema de golpes em Mianmar - Antônio Carlos Ferreira/Arquivo Pessoal via Agência Brasil
Gabriella Franco

por Gabriella Franco

Publicado em 19/02/2025, às 10h44



Os brasileiros Luckas Viana dos Santos, 31, e Phelipe de Moura Ferreira, 26, mantidos reféns por três meses em Mianmar, na Ásia, desembarcam nesta quarta-feira (19) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

As vítimas de tráfico humano eram obrigadas a trabalhar em esquema de golpes de internet por cerca de 15h por dia.

O que aconteceu

De acordo com a Agência Brasil, os dois foram atraídos por promessas de emprego na Tailândia, mas acabaram sequestrados e levados a Myawaddy, cidade de Mianmar, país que vive em guerra civil. Lá, trabalhavam escravizados aplicando golpes na internet. Quando não atingiam a meta diária, eram espancados e torturados.

No dia 8 de fevereiro, a dupla conseguiu escapar do cativeiro. À Agência Brasil, o pai de Phelipe de Moura, António Carlos Ferreira, de 56 anos, relatou que o filho mandava mensagem para ele por um perfil falso enquanto trabalhava na internet. Phelipe planejava a fuga com outras 80 pessoas também escravizadas.

"Eles iam correr dois quilômetros até chegar ao rio que faz fronteira com a Tailândia, só que eles não apareceram”, disse António, que confessou sentir muita angústia durante a fuga. “Será que pegaram eles?”, pensou.  

A mãe de Luckas Viana, Cleide Viana, 62, publicava em suas redes sociais apelos para que as pessoas a ajudassem a trazer o filho de volta ao Brasil.

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Un post condiviso da Cleide Viana (@cleideviana313)

Cleide informou à Agência Brasil que o filho já estava há mais de um ano fora do Brasil. Ele trabalhou nas Filipinas, em uma empresa de games, e depois em um hostel, na Tailândia. Aceitou em outubro de 2024 uma proposta de emprego com salário de R$ 8 mil também na Tailândia, onde foi sequestrado e levado a Mianmar.

“Ele pensou que era no norte da Tailândia, mas não chegava nunca. Aí foi que o levaram para Mianmar. Eu comecei a perguntar meio em códigos e ele falou que não estava bem”, relatou Cleide.

Retorno pro Brasil

Com pressão da ONG The Exodus Road, o governo da Tailândia começou a tomar medidas para desmantelar a máfia dos golpes.

As Embaixadas do Brasil em Mianmar e na Tailândia vinham solicitando os esforços das autoridades competentes, desde outubro do ano passado, para a liberação dos brasileiros. As vítimas de tráfico humano desembarcam nesta quarta-feira (19) à tarde no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

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