Polícia
por Isabela Fernandes
Publicado em 07/04/2025, às 16h27
A Avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos endereços mais famosos de São Paulo, atualmente, é um dos retratos das desigualdades sociais que marcam a cidade.
Localizada no bairro de Pinheiros, na zona oeste, a avenida é o centro financeiro da cidade, cercada por imponentes arranha-céus que abrigam grandes empresas, escritórios de advogados e bancos. No entanto, em meio ao luxo, há uma realidade paralela que se desenha nas calçadas: milhares de pessoas em situação de rua.
O contraste entre os dois mundos é gritante. Enquanto empresários, advogados e outros profissionais circulam por edifícios de alto padrão, do outro lado, pessoas se veem forçadas a improvisar lares nas calçadas, embaixo de viadutos e em praças, onde são expostos a todo tipo de adversidade: clima extremo, insegurança, violência, discriminação e a constante presença do consumo de drogas.
A região do Largo da Batata, próximo à estação de metrô Faria Lima, concentra a maior parte dessa população vulnerável. O local, rodeado por bares, restaurantes e pequenos comércios, se tornou um ponto de moradia para aqueles que não têm outra opção.
Embora haja patrulhamento policial diário, a situação segue sem uma solução concreta. Recentemente, um posto da Polícia Militar foi instalado na área, mas ainda não foi ativado.
A situação tem se agravado, e os números confirmam essa realidade. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o Censo da População em Situação de Rua de 2021 estimou que cerca de 31.884 pessoas viviam nas ruas da cidade.
Desses, 70,8% eram negras e pardas, e 83,4% eram homens. As calçadas são o principal local de permanência para esses indivíduos (60,1%), seguidas de viadutos (11,5%) e praças (11,2%).
Mais recentemente, dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam que o número de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo chegou a 93.355 em janeiro de 2025.
Esse número representa 66% do total de moradores de rua no estado, que soma 139.799 pessoas. A crise na Faria Lima não é só um reflexo local, mas um reflexo de um problema de desigualdade que afeta toda a cidade e o estado de São Paulo.
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