Política
por Camila Lutfi
Publicado em 30/03/2025, às 10h00
As cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo lideram o ranking de municípios com maior poder de influência nas gestões pública e empresarial do Brasil. Essas cidades concentram o maior número de empresas e órgãos públicos com a capacidade de tomar decisões que afetam outras regiões do País.
A informação foi revelada na pesquisa Gestão do Território 2024, divulgada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para calcular a influência de cada cidade no setor empresarial, o IBGE analisou o número de sedes de empresas e suas filiais espalhadas pelo país. Um exemplo citado é o banco Bradesco, cuja sede está em Osasco, na Grande São Paulo, mas possui agências em praticamente todos os municípios brasileiros. Isso demonstra que decisões tomadas em Osasco têm impacto direto em diversas outras cidades.
O estudo também considerou o número de empresas sediadas em uma cidade e as filiais de outras empresas localizadas no município. O ranking de intensidade das ligações empresariais inclui as dez cidades com maior presença empresarial, das quais oito são capitais:
Segundo o pesquisador Marcelo Paiva da Motta, do IBGE, a pesquisa revela um padrão de concentração espacial, com as maiores cidades exercendo grande poder de atração devido à sua relevância econômica. Esse padrão segue a distribuição de renda no Brasil, especialmente concentrada no Sudeste.
Em 2020 e 2021, foram identificadas 113.068 sedes de empresas e 340.313 filiais no país. As principais áreas de atuação dessas empresas multilocalizadas são o transporte rodoviário de carga e o comércio varejista de vestuário.
Outro critério importante foi o número de empregos gerados por empresas em filiais localizadas fora do município-sede. São Paulo se destaca novamente, com mais de 1,8 milhão de funcionários em filiais em outras cidades. As dez cidades que mais geram empregos fora de seus limites são:
A pesquisa destaca ainda que, em relação a 2012, São Paulo viu um aumento de 17,4% no número de empregos gerados por suas empresas em outros municípios, enquanto Rio de Janeiro e Brasília apresentaram quedas de 18,2% e 21,2%, respectivamente.
No que diz respeito à gestão pública, Brasília ocupa a posição de maior influência, devido ao seu status de capital federal e à presença de instituições-chave da administração pública. O IBGE observa que Brasília centraliza o papel de gestor da estrutura administrativa estatal, sendo considerada o maior centro de gestão pública do País.
As cidades de Rio de Janeiro, São Paulo e Recife ocupam o segundo nível hierárquico, com destaque para o Rio de Janeiro, que ainda abriga instituições importantes, como o próprio IBGE.
O estudo classifica os municípios em três níveis hierárquicos de influência na gestão pública:
O IBGE também criou um ranking de gestão de território, que considera tanto a gestão pública quanto a presença de empresas multilocalizadas (sede ou filial). As cidades mais proeminentes no estudo estão agrupadas em dois grupos principais:
A classificação reflete a centralização de poder no Brasil, com São Paulo sendo a principal cidade para a gestão empresarial, Brasília como o principal centro de gestão pública e Rio de Janeiro se destacando em ambas as áreas.
A pesquisa conclui que existe um "reforço mútuo" entre os agentes públicos e empresariais, onde a presença de instituições públicas em uma cidade atrai empresas, e a concentração empresarial demanda a atuação do Estado para fornecer serviços públicos.
Classificação Indicativa: Livre