Política
por Camila Lutfi
Publicado em 12/02/2025, às 13h36
Amanda Vettorazzo, vereadora da capital paulista pelo União Brasil apresentou, no final de janeiro, um Projeto de Lei que tem como objetivo proibir que a Prefeitura de São Paulo contrate artistas que façam apologia ao crime ou ao uso de drogas. O nome popularizado de “Projeto Anti-Oruam” surgiu após a divulgação da proposta pela vereadora em suas redes sociais.
Na ocasião, ela escreveu: “Quero proibir o Oruam de fazer shows em São Paulo! Chega de cantores de funk e rap fazendo apologia explícita ao crime organizado. Facções são INIMIGAS e devem ser tratadas como tal. Em São Paulo, não!”, afirmou.
Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, 23, é um cantor de trap carioca. Em 2024, ele foi um dos principais artistas no palco do Lollapalooza, quando pediu no meio do show a liberdade de seu pai, Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, preso desde 1996 e apontado como líder da organização criminosa Comando Vermelho.
O texto apresentado à Câmara Municipal argumenta que o projeto quer garantir que tais eventos sejam promovidos de forma responsável, “especialmente no que diz respeito à proteção de crianças e adolescentes”. Para ela, o Poder Público não pode institucionalizar expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas por meio de contratações artísticas em eventos com acesso ao público infantojuvenil.
Vettorazzo propõe que, nas contratações, os artistas assinem uma cláusula de não expressão desses crimes. Em caso de descumprimento, o projeto define que o contratado sofrerá a imediata rescisão, além de receber sanções contratuais e multa no valor de 100% do valor do combinado. A quantia, conforme proposto, será destinada ao Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de São Paulo.
Além disso, qualquer cidadão, entidade ou órgão da Administração Pública para a Prefeitura de São Paulo podem denunciar a quebra dessa cláusula através da Ouvidoria do Município.
Depois de o documento ter sido protocolado, o artista se manifestou a respeito do tema nas redes sociais: “Pô, quer ficar nessa daí? Vai proibir o ca*****, pô. Tu nem tem força para isso. Bobona. Eu nunca vi uma pessoa estudar para falar mer**. Só tu não falar meu nome, senão tu vai conhecer o capeta”, afirmou o cantor.
A vereadora decidiu registrar um boletim de ocorrência contra Oruam após o pronunciamento do cantor. Vettorazzo alega que as ameaças cerceiam o dever dela como vereadora de propor projetos de lei e defender as próprias convicções.
Já o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, ao ser questionado sobre o "Projeto Anti-Oruam" nesta segunda-feira (10), que qualquer artista que fizer “apologia ao crime” não será permitido de se inscrever em editais municipais.
Classificação Indicativa: Livre