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Caso Vitória: o que se sabe e o que ainda falta esclarecer sobre a morte da jovem

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Polícia voltou atrás nas investigações do Caso Vitória e deu novas versões do crime  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução
Gabriella Franco

por Gabriella Franco

Publicado em 19/03/2025, às 16h01



A jovem Vitória Regina de Souza, de 17 anos, encontrada morta em uma área de mata em Cajamar, na Grande São Paulo, foi assassinada com três facadas, segundo um laudo do Instituto Médico Legal (IML).

O documento também descarta violência sexual. Contudo, quase três semanas após o desaparecimento da adolescente, ainda existem questões pendentes na investigação.

'Stalking' e obsessão

Na última segunda-feira (17), Maicol Sales dos Santos, 26, confessou o crime à Polícia durante interrogatório.

Ele alegou ter tido um relacionamento amoroso com Vitória cerca de um ano e meio antes do crime. Segundo ele, a jovem ameaçava contar sobre o "affair" a sua esposa, e isso gerou conflito entre os dois.

No dia do crime, Maicol teria abordado Vitória no ponto de ônibus em que ela descia para andar pra casa. Segundo ele, ela aceitou entrar no carro que ele dirigia — um Corolla já periciado pela Polícia — e, algum tempo depois, os dois começaram a discutir. 

Nesse momento, Maicol disse que usou uma faca que levava no carro para esfaquear a jovem no tórax, pescoço e rosto. O laudo do IML aponta que a jovem morreu por uma hemorragia traumática.

Segundo Maicol, ele foi direto para casa depois disso, com o corpo de Vitória no porta-malas. No dia seguinte, cavou uma cova rasa em região de mata, e enterrou o corpo nu da jovem.

Contradições

A Polícia não localizou provas de que Maicol e Vitória tenham se tido qualquer envolvimento.

A perícia realizada no celular do criminoso revelou fotos de Vitória, algumas datadas de setembro de 2024, indicando que ele a monitorava há meses. Também foram encontradas imagens de outras jovens com características físicas semelhantes às da vítima, sugerindo um comportamento obsessivo.

No aparelho, os agentes também encontraram fotos de armas de fogo e facas, além de uma compra no Mercado Livre de um capuz preto igual, chamado de “balaclava”.

Uma testemunha que estava próxima ao ponto de ônibus disse que viu, dentro de um veículo, um homem usando um capuz preto.

Segundo a Polícia, as provas indicam que o crime estava sendo planejado há algum tempo.

Envolvimento de Outros Suspeitos

A polícia inicialmente investigava a participação de ex-namorados de Vitória, incluindo Gustavo Vinícius e Daniel Lucas Pereira, porém, com a confissão de Maicol, a possibilidade da participação de terceiros foi descartada. Um ficante da jovem chegou a ser investigado, mas não foi considerado suspeito.

Relação com o Crime Organizado

No início das investigações, cogitou-se a participação de facções criminosas, especialmente pelo fato de Vitória ter sido encontrada com a cabeça raspada. No entanto, essa hipótese foi descartada, e o crime é tratado como um ato de vingança pessoal.

Para a Polícia, nada indica que Vitória teria sofrido qualquer tipo de agressão, além das facadas, antes de morrer. Segundo o delegado Fábio Cenachi, de Cajamar, o estado em que o corpo foi encontrado, quase decapitado e sem cabelo, se deve ao processo natural de decomposição do corpo.

Relembre o caso

Vitória Regina de Souza, de 17 anos, desapareceu após sair do shopping onde trabalhava, em Cajamar, na Grande São Paulo.

Imagens de câmeras de segurança mostram que ela caminhou até um ponto de ônibus sozinha. Durante o trajeto, enviou mensagens e áudios a uma amiga relatando medo de estar sendo seguida por dois homens em um carro e de outros dois rapazes que embarcaram no mesmo ônibus que ela.

Seu corpo foi encontrado no dia 5 de março em uma área de mata de Cajamar.

Prisão do Suspeito

Maicol Sales dos Santos teve a prisão temporária decretada com base em fortes indícios de seu envolvimento. Relatos de movimentações suspeitas em sua casa na noite do crime e contradições em seus depoimentos foram determinantes para a decisão da Justiça.

As autoridades também autorizaram a quebra de sigilo de dados de dispositivos eletrônicos do investigado para aprofundar a análise do Caso Vitória.

Classificação Indicativa: Livre

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