Polícia
por Isabela Fernandes
Publicado em 08/04/2025, às 11h09
Durante um discurso em um ato pró-anistia na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou dois homens, um pipoqueiro e um sorveteiro, por envolvimento em tentativa de golpe de Estado durante os ataques de 8 de janeiro de 2023. Ele usou esses casos como exemplo de uma, segundo ele, "injustiça" cometida pelo STF.
Carlos Antônio Eifler, o "pipoqueiro", é proprietário de uma loja de pipocas gourmet em Lajeado, Rio Grande do Sul. Já Otoniel da Cruz, o "sorveteiro", tem 45 anos e é de Porto Seguro, na Bahia. Ele trabalha vendendo picolés na cidade.
O ex-presidente fez questão de ressaltar que pessoas simples como essas, que não têm envolvimento direto com a política, estariam sendo responsabilizadas por um ato grave como uma tentativa de golpe.
Bolsonaro usou um inglês improvisado para se dirigir ao público, dizendo: "Popcorn, and ice cream seller sentenced for a coup d’état in Brazil. Ou seja, Pipoqueiro e sorveteiro condenados por um golpe de Estado no Brasil, é uma vergonha”.
Jair também criticou a postura do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
A manifestação, que ocorreu na manhã do último domingo (8), foi organizado pelo pastor Silas Malafaia e contou com a presença de outros parlamentares aliados a Bolsonaro.
O foco principal do ato segue sendo o pedido de anistia para os envolvidos nos crimes de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e destruídas em Brasília.
Integrantes da família Bolsonaro e aliados, como Nikolas Ferreira, vêm usando o caso de Débora Rodrigues dos Santos — que escreveu com batom vermelho na estátua “A Justiça”, em frente ao STF — como símbolo dessa mobilização por perdão.
Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos dez que discursaram, também atacou o ministro e a Polícia Federal (PF).
“Ditadores de toga, principalmente como Alexandre de Moraes, se utilizou do dia 8 para nos amedrontar. Se lascou, olha a gente aqui. Essa é a resposta para você seu covarde. E digo mais, fizeram de tudo para poder massacrar a maior liderança política deste país, que é o Bolsonaro”, afirmou Nikolas em seu discurso.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também participou da manifestação e discursou, chamando o ato de "humanitário", defendendo a correção das "injustiças" cometidas contra os envolvidos no ato antidemocracia em 2023.
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Até o momento, mais de 500 pessoas foram condenadas por participação nos atos de janeiro de 2023, com penas variando de 3 a 17 anos de prisão. Os crimes incluem tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e associação criminosa. Bolsonaro e seus aliados tentam agora uma aprovação no Congresso de um projeto de lei que ofereça anistia a todos os envolvidos.
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