Política

Chuvas contaminadas em SP: estudos revelam causas e riscos para a população

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil via Fotos Públicas
A presença de agrotóxicos na água da chuva pelo estado de São Paulo foi identificada por uma pesquisa recente da revista científica Chemosphere  |   BNews SP - Divulgação Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil via Fotos Públicas
Marcela Guimarães

por Marcela Guimarães

Publicado em 27/04/2025, às 10h00



Uma pesquisa da revista científica Chemosphere revelou que existe a presença de agrotóxicos na água da chuva que corre pelo estado de São Paulo.

O levantamento foi publicado em janeiro deste ano e chama a atenção para os impactos ambientais e seus riscos à saúde. Entre os locais mais afetados, estão as cidades de Campinas, Brotas e a própria capital paulista.

Além disso, o estudo identificou altos níveis de diferentes produtos químicos, como o herbicida tebuthiuron. Ele foi encontrado pela primeira vez em água de chuva, presente em 75% das amostras analisadas.

Esses estudos voltados à identificação e efeitos de agrotóxicos acontecem há cerca de dez anos; entretanto, com o enfoque em chuvas, este é o primeiro levantamento no Brasil.

A água da chuva coletada para os resultados obtidos foi coletada durante 36 meses — entre 2019 e 2021.

Como funciona?

A pesquisa utilizou uma abordagem experimental conhecida como “mesocosmos” para avaliar a toxicidade e os impactos ambientais dos agrotóxicos presentes na chuva.

Eles atuam simulando ecossistemas naturais, como lagos e pequenas lagoas, por meio de estruturas fechadas que são enterradas no solo e preenchidas com água e sedimentos.

As unidades são mantidas em áreas semiabertas por vários meses, podendo ser naturalmente “colonizadas” pela fauna e flora locais.

Quando um ecossistema básico se forma, os cientistas introduzem espécies específicas para testar a resistência aos agrotóxicos; em seguida, essas estruturas são expostas às substâncias que serão analisadas.

Locais afetados

Na cidade de Campinas, onde metade da área é dedicada à agricultura, apresentou os maiores índices de contaminação: 701 microgramas por metro quadrado.

Já em Brotas, com 30% do território voltado ao setor agrícola, a média registrada foi de 680. Por fim, a capital paulista, onde há a menor presença de zonas rurais, registrou 223.

É importante ressaltar que boa porcentagem das substâncias analisadas não possuem padrões de segurança estabelecidos — sendo assim, não há indicadores de uma concentração devidamente segura.

Além disso, a exposição crônica em pequenas quantidades pode acarretar problemas à saúde humana e à vida aquática, dizem os pesquisadores.

A coordenação da pesquisa dos agrotóxicos nas chuvas contou com a liderança de Cassiana Montagner, professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e integrantes do Laboratório de Química Ambiental (LQA), também da instituição.

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