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O que é chemsex? Entenda a prática que mistura sexo e drogas e preocupa a saúde pública

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O chemsex está crescendo no Brasil, junto com os riscos à saúde pública  |   BNews SP - Divulgação Foto: Freepik/Inteligência Artificial
Isabela Fernandes

por Isabela Fernandes

Publicado em 27/04/2025, às 09h00



A prática conhecida como chemsex é o uso de drogas para potencializar o prazer e duração sexual, e está se popularizando no Brasil, preocupando os especialistas em saúde pública e segurança.

O que é chemsex?

A palavra chemsex é a junção de “chemical” (químico) e “sex” (sexo). Ela descreve encontros sexuais que envolvem o uso de substâncias, utilizadas para aumentar o prazer e a durabilidade da relação, podendo durar horas ou dias.

O público que mais adere ao chemsex é variado, incluindo homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas bissexuais, heterossexuais, frequentadores de festas privadas e clientes de profissionais do sexo.

Drogas mais comuns no chemsex

As principais substâncias utilizadas são:

  • Metanfetamina (conhecida como "Tina" ou "Crystal Meth")
  • GHB (ácido gama-hidroxibutírico)
  • Cetamina (ou "Key")
  • Poppers
  • MDMA (ou Roll ecstasy)
  • Alucinógenos, como cogumelos psicodélicos

Nas redes sociais, emojis ou gírias são utilizados para que a comunicação sobre o tema passe despercebida. Confira alguns desses emojis e o que representam:

Emojis e seus significados no chemsex:

💎 Diamante: metanfetamina (crystal meth)
⚡ Raio: cocaína
🚀 Foguete: metanfetamina injetável (slamming)
💧 Gota: GHB
❄️ Floco de neve: cocaína ou ketamina
💥 Explosão: poppers
🔑 Chave: cetamina
🍄 Cogumelo: alucinógenos (como cogumelos psicodélicos)
❤️ Coração: ecstasy (MDMA)

Esses símbolos são usados em perfis de aplicativos de relacionamento ou em conversas em grupos fechados, dificultando a fiscalização.

Riscos físicos, mentais e sociais

O uso contínuo dessas substâncias está associado a diversos problemas:

  • Dependência química e emocional, muitos praticantes acabam vinculando o prazer sexual ao uso dessas substâncias, criando uma relação de dependência difícil de romper;
  • Comprometimento da saúde mental, com quadros de depressão, ansiedade e psicose;
  • Risco elevado de infecções sexualmente transmissíveis, como HIV e sífilis;
  • Isolamento social e dificuldade em manter relacionamentos afetivos sem drogas.

O tráfico digital e as “biqueiras virtuais”

O acesso às drogas do chemsex é facilitado pelo tráfico digital, conhecido como “biqueira digital”. Traficantes usam:

  • Aplicativos de mensagens como Telegram, WhatsApp e Signal
  • Redes sociais como Instagram, Twitter e Snapchat
  • Apps de encontros como Grindr e Tinder
  • Darknet, com uso de criptografia e envio disfarçado por correios

As drogas são muitas vezes enviadas disfarçadas como produtos comuns, como sabonetes, bolachas ou outros itens, e entregues em moteis ou diretamente por acompanhantes, dificultando a fiscalização.

Ações da polícia e apreensões

Em São Paulo, o Departamento de Narcóticos (Denarc) apreendeu cerca de 2,5 kg de metanfetamina nos últimos seis meses. Apenas 1 grama da substância é capaz de sustentar o consumo de uma pessoa por até três dias.

Guillermo Fabian Martinez Ortiz, um dos principais fabricantes da droga no estado, foi preso em janeiro e condenado em março deste ano.

As investigações, no entanto, enfrentam grandes desafios: o uso de documentos falsos, a rotatividade de endereços dos envolvidos e o perfil fechado dos grupos dificultam o rastreamento e o flagrante.

Metanfetamina mais barata e produção nacional

Nos últimos anos, a metanfetamina, que antes era rara e cara, se tornou mais acessível. O valor do grama caiu de R$ 700 para R$ 70, impulsionado pela produção local, iniciada por grupos estrangeiros, como mexicanos e chineses.

Com a droga sendo fabricada no Brasil, os custos diminuíram, facilitando o acesso e aumentando o consumo, principalmente entre jovens frequentadores de festas eletrônicas e praticantes do chemsex.

Um alerta de saúde pública

O crescimento do chemsex apresenta um desafio de saúde pública. A combinação de sexo prolongado, uso de drogas e práticas de risco exige mais divulgação. Especialistas pedem mais campanhas de conscientização, apoio psicológico gratuito, distribuição de preservativos e acesso facilitado a medicações preventivas como a PrEP e a Doxi-PEP.

Classificação Indicativa: Livre

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